segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Uma mão na minha


Nem me lembro ao certo quando ele entrou em minha vida,ou melhor,
na verdade, fui eu quem entrei na vida dele,assim, de xereta, num dia do mês de agosto,
pouco antes do seu aniversário...
razão pela qual, já nos identificamos como dois bons, teimosos e persistentes “leoninos”...
Nas minhas primeiras lembranças, sinto a mão dele na minha, levando-me para tomar guaraná, passear pela pracinha. é claro, com direito a uma passadinha pela igreja, onde, pela primeira vez, soube o que era o sinal da cruz...
E na minha inocência de sei lá quantos anos,com a mão direita presa na dele,
fiz com a mão esquerda mesmo,o que lhe rendeu boas risadase a explicação simples de que era só soltar a sua mão por um instante...
Mas acho que já adivinhava que não seria um bom negócio soltar sua mão,
porque assim a vida poderia nos levar pra longe um do outro, exatamente como o fez...
Era meu tio por aquisição: cresceu com meu pai...
viveu toda uma vidade amizade com ele e minha mãe;
viu os dois se casarem, nosso nascimento,
primeira comunhão, casamento, filhos, separações...
Quando sua mãe se foi – também minha avóde coração –
eu estava lá, segurando sua mão...
Quando meu avô se foi – seu pai de coração -
ele estava lá, segurando minha mão...
E num dia deste mês de janeiro, alguém me disse que ele se foi...
e eu não estava lá pra segurar a mão dele..
.pela primeira e última vez... eu não estava lá...
A vida não lhe deu filhos, e cedo distanciou-me do meu pai...
então resolvemos nos adotar...
Ele era meu porto seguro, a voz que do outro lado da linha dava sonoras risadas
e dizia que me amava profundamente,
e que eu era a filha que gostaria de ter na vida...
Procurei ser mesmo esta filha, mas falhei em muitos momentos
nos quais poderia ter estado mais perto e não o fiz...
Achamos sempre que um dia poderemos refazer nossos caminhos,
mas nem sempre temos tempo pra isso...
No dia em que ele se foi,uma luz iluminou meu quarto,
para mim em sonho...
Por isso sei que ele já brilha em outra dimensão,
e que continuará brilhando e iluminando meucaminho.
E se eu fechar os olhos, sempre sentirei suas mãos nas minhas...
e verei aqueles olhos azuis profundos, e ouvirei aquela risada gostosa...
Fique bem meu tio querido, cuidado pra não falar demais por aí –
duvido que consiga,rs
Vou sentir muita falta das nossas looooongas conversas,
do telefonema no aniversário e o abraço apertado do encontro cheio de saudades...
Um dia ainda espero de novo este abraço.
O que me deixa mais leve é saber que sempre lhe disse o quanto o amava...
Então você se foi sabendo disso!!!Perdi um pai... ganhei mais um anjo!!!

Saudades sempre!!!