domingo, 22 de março de 2009

Peripécias da infância

Como falar de pequenos instantes e grandes histórias, sem falar dos meus filhotes?
Pois é gente, esta turminha me proporcionou os melhores e mais engraçados momentos
de minha vida.

Podemos começar com a primeira, a Carolina, que virou Carol, Cocol, e hoje atende
por Cá...
Para ela, simples como o próprio nome, era inventar histórias cada vez que se via
com um livrinho nas mãos. Era mais ou menos assim:

"E aí, o Pato Dondi, foi iaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa (lá, no Carolinês)"
Simples assim... esse era o começo e o fim da história,
e lá se ia outra página, e outra, e outra... todas com o mesmo texto...

Quem dera a vida fosse simples assim.

Era ela também a responsável por mudar letras de músicas e entender
que havia uma, em especial, cujo refrão dizia, sem a mínima cerimônia:
"E o galão sambão..." (nem adianta insistir, não conseguirei explicar qual
era a música...rs

Muito sossegada, conseguiu a proeza de escorregar no nada e cair em
coisa alguma, bem no meio da sala, e levar 4 pontos no queixo.

Cismou que queria aprender balet, e para isso essa mãe que vos fala
esperava por 45 minutos, 3 vezes por semana, para escutar da professora
que ela ficava emburrada no canto da sala durante o tempo todo.

A única aula em que se destacou, foi quando a professora deu um passo novo
que ninguém conseguia fazer... só a Carol... mas não se empolguem,
assim que passou a novidade, ela fugiu da academia, literalmente,
obrigando-me a correr pela rua atrás dela, antes de achar sua orelha
no caminho, bem ao alcance de minhas mãos...

Foi-se o sonho de primeira bailarina do Teatro Municipal... e, o pior,
nem maratonista se tornou com a experiência!

Tentou ainda a carreira de cabeleireira, chegando de mansinho e me
perguntando:

"Mamãe, ficou bom?"

Distraída em meus afazeres, nem olhei pra responder:

"Ficou lindo filhinha".

A resposta foi de estarrecer:

"Pois é... cortei o cabelo e ficou melhor né?"

Detalhe, com uma tesourinha de cortar papel...

Mas então veio o Daniel, que virou Dani, e hoje pra nós é Dã...
Ele queria porque queria um cavalo,
mas, ao ser colocado sobre um, este deu aquela tremidinha
pra espantar as moscas, provocando-lhe um grande susto...
No caminho de casa, insistiu pra que eu lhe comprasse um cavalo,
com uma única condição:

"Que tirasse as pilhas, claro...!!!"

Algum tempo depois conheceu um amigo que era recordista
em andar com a bicileta empinada em uma só roda e aí,
definitivamente pirou:

"Queria uma bicicleta que viesse empinada!!!" - Posso com isso?!!!

Na escola pintou uma vaca de verde e causou uma revolução nos métodos
de ensino, porque a professora tentava convencê-lo de que não existem
mamíferos como este na cor verde.
A explicação foi simples:

"Minha vaca é palmeirense!!!" - Sai dessa professora!!!

Quando achei que já havia escutado tudo o que poderia de meus filhos,
chegou minha raspinha:

Giovana, que virou Gioconda (para o Vovô), Gi, Nana...

Num dia eu chegava em casa e ela havia comido toda a massinha
de modelar... com os dentes coloridos, jurava que não fizera isso!

Noutro dia, engolia um lantejoula que deveria estar na saia de carnaval
da Carol.

No dia seguinte, trancava-se no banheiro e mobilizava a vizinhança
toda no resgate.

Durante as refeições, criou o adjetivo: "comiludo" - aquele que come muito!

E uma vez pediu que eu zirpasse sua calça - fechasse o zíper.

Ninguém podia beijá-la, nem pai, nem tio, nem avô - para não sujá-la de
batom (disso se encarregava sozinha).

E até hoje tentamos descobrir o que ela queria, quando nos pediu que
desenhássemos uma "cobrinha fededante"...

Mas esses meus anjinhos criativos, hoje mostram suas asas,
e alçam voos cada vez mais altos,
me enchendo de orgulho e prazer.

Ainda rimos muito dessas e de outras histórias,
e choramos com outras,
mas jamais perderemos esse elo que me fez guardá-los
em meu coração e jogar a chave fora.


Amo vocês muuuuuuuuuito!!!!!

Mamãe, que virou Mamy, e que às vezes é só Mã...

sábado, 21 de março de 2009

A história de cada um

Passei muito tempo da minha vida, protagonizando a história que escreveram pra mim...
Muita vezes vivemos a história que outros escrevem para nossas vidas, e acabamos nos convencendo de que está é a única forma de viver...
Somos protagonistas de outros pensamentos, outras vozes, outros olhares... e neste palco, em algum momento nos perdemos de nós mesmos, surpreendendo-nos vazios, mudos e cegos diante de nossos próprios anseios...
Mais que protagonistas, temos que ser autores de nossos atos e, por isso mesmo, totalmente responsáveis pelas conseqüências dos mesmos.
Aceitarmos as falas e gestos que os outros nos impõem, muitas vezes pode significar termos também que aceitar as decepções e o sofrimento que não escolhemos para nossas vidas...
Quando entendi que as pessoas e situações só estavam em minha vida e nela permaneciam se eu assim permitisse, passei a assumir o comando do meu próprio destino.
O sofrimento não é algo normal, e sim uma exceção, com a qual precisamos conviver em alguns momentos de nossa existência. Todavia, não nos habituemos a ele.
A resignação é louvável, mas a coragem, esta sim é divina.
E é esta coragem que me fez entender que ainda podemos reescrever nossa história; tentar uma nova versão; mudar seu final, sabendo ser impossível transformar seu início.
Sempre é tempo de participarmos mais de nossas próprias vidas. Abrir os olhos e enxergar estrelas por trás das nuvens; emprestar um sorriso a quem só restaram lágrimas; uma palavra a quem o sofrimento cala; um olhar colorido a quem acabou vendo o mundo como um filme em preto e branco...
É comum pensarmos que os nossos são os piores sofrimentos; que a nossa carga é a mais pesada; nossas dores mais doloridas... e acabamos cegos diante de tantas vidas mais sofridas, mais marcadas, mais amargas...
Hoje entendo que, a cada manhã, tenho muito mais a agradecer a do que a pedir... entendo a importância e felicidade do simples despertar mais um dia... sinal de que Deus ainda me considera capaz de acrescentar algo à vida daqueles com quem convivo... de que minha missão ainda não chegou ao fim do caminho...
Pensando melhor...acho que este caminho não tem fim.. o que mudam mesmo são apenas as paisagens...
Que possa ser mais suave o nosso caminhar!